segunda-feira, 22 de novembro de 2010

A ponte da discórdia

Recentemente assistimos a algumas reacções à entrevista do líder do PS Algarve, como se este tivesse cometido algum crime de lesa patria, ao se mostrar desfavorável à construção da ponte Alcoutim-San Lucar neste cenário de crise económica. O que Miguel Freitas quis dizer, em meu entender, foi que a ponte talvez, mas nesta fase nem pensar.
Tem-se falado tanto nesta ponte, criou-se uma associação "só para defender a ponte". Fazem-se reuniões na capital para defender a ponte, colocam-se placas no local onde deve nascer a ponte. O que eu ainda não vi foi um trabalho sério que analise os prós e contras desta ponte, que nos mostre as vantagens e desvantagens desta infra-estrutura. Neste artigo vamos tentar analisar as vantagens e desvantagens de cada país com esta obra, de uma forma séria, dentro das limitações de cada um, tentando promover um debate profícuo em torno deste assunto.
Na área da habitação temos vários exemplos. Quantos espanhóis vieram a Alcoutim procurar casa? Nenhum. Quantos portugueses vão a San lucar procurar casa? Alguns. Sendo os custos de habitação mais baixos no lado dos nuestros ermanos, será de esperar que com a ponte aumente o fluxo de portugueses a morar do outro lado, pois a circulação de pessoas deixa de estar limitada. Imaginemos agora o caso dos estrangeiros que tanto têm procurado esta zona. “Vêm-se e desejam-se” para construir uma casa, fruto dos condicionalismos de ordenamento que temos. Do outro lado a construção está muito mais facilitada, visto não haver tantas condicionantes. Imaginem o que a ponte irá fazer? Aumentar a procura de terrenos para construir em Espanha e diminuir em Portugal. Estes não têm ligação nenhuma à terra, para eles Portugal e Espanha não passam de 2 países da UE.
Vamos agora ao comércio. Todos sabemos que os produtos em Espanha são mais baratos, fruto da diferença de impostos e não só. Com a ponte quantos espanhóis virão a Portugal ás compras? Muito poucos provavelmente. O inverso será mais provável. Vai ser um corrupio de portugueses às compras ao outro lado. Provavelmente o comercio lá duplicará, visto que o aumento de clientes passa a ser significativo. Nascerá um armazém de materiais de construção e será mais viável o parque empresaria do lado de lá que o de Alcoutim.
E os combustíveis? Não vale a pena explicar. Vai abrir uma bomba de gasolina lá e a das quatro estradas encerra. Quanto às de Martinlongo não sei, vão ter muita dificuldade em se manter.
Julgo que não vale a pena puxarmos muito pela imaginação. Basta ver o que se tem passado nas zonas fronteiriças e extrapolar para o território em causa.
Mas nem tudo é negativo. À semelhança de outras regiões, podemos aumentar as nossas receitas na restauração. Quem conhece Alcoutim sabe que comer ao fim-de-semana no Inverno pode ser uma aventura, logo, poderão nascer vários quiosques de conservas e materiais de “picnic”. Os atoalhados poderão ser outra aposta.
Por todos estes motivos entendo o porquê da defesa da ponte pelos espanhóis. A sua defesa pelos portugueses não me parece tão racional.
É lógico que não podemos nos fechar ao exterior, mas também nada nos obriga a meter-mos a cabeça na guilhotina...

4 comentários:

  1. bom ano para todos os cidadãos desse cantigo á beira rio plantado

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  2. na minha sincera opinião penso que se a ponte um dia viesse a ser construida (espero bem que não ) alcoutim deixava de ser o que é neste momento , pois a ponte iria servir somente para atravessar para a outra margem ,onde o nivel de vida é mais barato , as poucas pessoas que vêm a alcoutim deixavam de vir pois a ponte teria que ser construida fora da vila e desse modo afastava as pessoas , aliás basta ver o que aconteceu em localidades onde foram construidas pontes e auto-estradas , (atenção que não sou contra o progresso e desenvolvimento )mas se pensarmos bem era isso que ia a acontecer , a menos que muita coisa mudasse em Alcoutim e na gestão camarária , temos que dar a mão á palmatória o nosso presidente na área da saúde tem feito um bom trabalho , mas e um dia quando se acabarem os avós , quem vai ficar em Alcoutim ???? o que tem sido feito pelos jovens ??? uma coisa que o sr presidente pode fazer de bom para os jovens de Alcoutim é não lhes arranjar trabalho na Cãmara , (por exemplo criar um ninho de empresas ) de certeza que algumas delas conseguiam subsistir somente com as compras da Câmara , em vez de se ir comprar ás empresas de Lisboa , e desse modo algum do dinheiro gasto voltava de novo para a Câmara através dos impostos pagos , porque não criar empresas publico/privadas dando a possibilidade dos jovens participarem ,
    até breve

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  3. Concordo plenamento. Essa á a pura da verdade.

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  4. o outro dizia chapeus há muitos , por isso e porque não mais uma ponte para a outra margem , era mais uma no meio de tantas outras

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