domingo, 30 de janeiro de 2011

Que bem se vive em Alcoutim

Quem não leu artigos (mal) escritos pelo Sr. Presidente da Câmara a fazer referências à qualidade de vida em Alcoutim? Tantos quantos aqueles em que faz referência aos velhos do concelho (digo velhos pois é essa a palavra que usa para fazer referência ao idosos). Pois é Sr. Presidente, qualidade de vida não é só não ter de enfrentar filas de trânsito para chegar ao emprego, não é só ter um local de pesca ou caça ali à mão, não é só abrir a janela e ouvir os pássaros e o sino da igreja. Qualidade de vida é muito mais que isso.
A Universidade da Beira Interior tem um Observatório para o Desenvolvimento Económico e Social, que cria um ranking da qualidade de vida em todos os municípios portugueses. Estes estudos são coordenados pelo Pof. José R. Pires Manso, que é professor catedrático da Universidade da Beira Interior e responsável pelo Observatório.
Em 2007 Alcoutim situava-se no 269º lugar, entre 278 Autarquias. Segundo o mesmo observatório, em 2009 Alcoutim passou para o 277º lugar, só à frente de Cinfães. Em 2 anos o município de Alcoutim consegui descer 8 lugares, passando para o penúltimo lugar da tabela. Parabéns Sr. Presidente, pior era difícil.
Não estamos a falar de cor, coisa muito habitual nos discursos de Francisco Amaral, são dados oficiais de entidades com credibilidade comprovada. Tenho um desgosto enorme em pensar que se está a perder a qualidade de vida no meu concelho, tudo graças à má gestão de um grupo de incompetentes.
Que bom seria voltar a viver com qualidade em Alcoutim.

5 comentários:

  1. Parabêns ao autor do blog por mais esta verdade sériamente comprovada,é esta realidade que alguns (poucos) sempre têem visto e que mais alguns já se vão apercebendo. O Sr. Presidente gosta mais de investir nos ditos velhos, não que eles não merecam, porque mereciam muito mais, mas o investimento está apenas a ser feito no mais fácil, que é o VOTO, e o voto, mais fácil de conseguir é aquele que é comprado com o dinheiro dos contribuintes. O Sr. Presidente não é uma pessoa de bem, se o fosse não usava os mais frágeis em proveito próprio e dos inúteis que o acompanham.

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  2. Numa terra bué-re-re de longe havia um reino, o reino de Cacatim. Este topónimo derivava do nome do rei Cacatim, que tal como em Marco de Canavezes dava a sua graça quer ao castelo, quer à rua principal do povoado e ainda ao campo de torneios medievos, que se enchia com os súbditos de todo o reino, uma vez por ano, sempre na segunda sexta-feira de Setembro.

    Cacatim era um reino deprimido, onde poucos eram os rebentos humanos que nasciam e muitos aqueles que abandonavam estas terras ou deixavam este mundo na esperança de outro melhor. Não havia indústria artesanato ou comércio, que pudesse fazer evoluir uma urbe tão ao género dos contos de Charles Dickens, em que uma corte hegemónica, tudo secava à sua volta qual eucalipto australiano. Mas ai de quem criticasse este estado de coisas, as perseguições seriam acto contínuo.

    Todos se vergavam perante D. Cacatim com receio de represálias e de que os empregos junto da coroa, quase a única oferta que havia, se fechassem aos familiares daquele que ousasse afrontar D. Cacatim. Até um velho republicano de fama que ultrapassava o reino de Catatim, se tinha rendido aos encantos de sua majestade. Apenas um cronista, de seu nome Fernão Serrano, insistia em se rebelar contra esta pasmaceira em que se tinha transformado este território sob os hospícios de el-rei D. Cacatim. O pobre do cronista até foi alvo da ira de D. Cacatim, na forma de um edital régio, que o zurzia e acusava de ser o comandante da ala traidora anti-Cacatim.

    O rei em nome do progresso do reino, nada fazia, mas era prol na distribuição de almoçaradas e unguentos pelos súbditos. Entre as suas ideias mais populares pontuavam a de oferecer um tratamento para a sarna a todos aqueles que daquela maleita sofressem ou ainda a de criar uma praia de águas paradas para todos aqueles que tivessem uma pele sem patologias. E assim alcançou fama nos reinos contíguos sendo-lhe dado o cognome de D. Cacatim, “O Penso Rápido”, pois os seus projectos eram um misto de imediatismo, mediatismo e vacuidade.

    Um dia chegou ao reino, um reputado dramaturgo italiano de seu nome Nanni Moretti, juntamente com o seu grupo de teatro. Trazia com ele uma peça para apresentar no dia de festas do reino, a tal segunda sexta-feira de Setembro.

    O palco foi montado no rossio e toda a população se entusiasmou com esta iniciativa inaudita no reino. Chegado o dia, a praça estava repleta e a história era sobre um tirano que com papas e bolos enganava os tolos. Mas por fim, a grei tomava consciência de um princípio universal, justo e revolucionário: o de que a soberania reside no povo. Após esta tomada de consciência, a plebe revoltava-se e corria com o tirano. O nome desta peça que tanto fez pensar toda a assistência e também a D. Cacatim, que da varanda do seu palácio a escutava, era “O Caimão”.

    O rei após a representação teatral, mandou de imediato correr com o dramaturgo, o grupo de teatro e os seus pertences e ainda ordenou que dali em diante nunca mais se abrissem as portas aos saltimbancos, pois eles poderiam trazer novas ideias perniciosas ao reinado de D. Cacatim.

    Mas o povo ficou a pensar…
    Moral da história: Há cataratas tão ilusórias, que deixam o homem cego.


    Fernado Lino
    http://alcoutimlivre.blogspot.com/search/label/Colaborador%20Fernando%20Lino

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  3. Essa questão das cataratas, da surdez etc. deveria ser alvo de um comentário mais intenso. Desvia ser esclareceida esse aproveitamento político. É apenas uma sugestão.

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  4. Eu acho que este texto está verdadeiramente GENIAL!! Parabéns a quem o escreveu e a quem o disponibilizou neste blogue, para nós seguidores, disfrutarmos deste humor inteligente que tão bem retrata esta caricata realidade, que é o nosso concelho. Poderia-se efectivamente viver com qualidade em Alcoutim. Mas não se vive. Felizmente ainda existem pessoas que não tragam as papas e os bolos destes pseudo reinados ditos perfeitos e cheios de pseudo boas intenções. Um bem haja a todas essas pessoas.

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